sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Na Fundação Casa o Discurso é o Fim da Tortura, Mas a Intenção é Demissão em Massa de Servidores

Como dizia o velho Bastião de birigui:"Quem apanha no mesmo beco duas vezes é burro". 

Afinal, cabe a quem apanha ficar atento para não passar no mesmo beco e consequentemente não ser surpreendido.

Adolescente interno da Fundação Casa com marcas de agressão (Foto: Defensoria Pública)
Internos com ferimentos Foto Defensoria Publica
No entanto, esta máxima não se aplica aos servidores da FC, pois diante do cenário que se concretiza, vão ser sovados mais que massa de pão e depois assados vivos, ou melhor incinerados.

Uma mensagem postada por diretores do sindicato, entre eles Edson Brito, diretor jurídico da entidade sindical Sitsep-Sitraemfa, dá conta que no mês de setembro, 32 servidores de todas as áreas, estão intimados para prestarem esclarecimentos sobre possíveis agressões contra internos ocorrido em 2013.

Adolescente interno da Fundação Casa com marcas de agressão (Foto: Defensoria Pública)
(fotos defensoria Publica)
A Nota ainda afirma que, o inquérito que tramita no 75 DP Jd. Arpoador, foi reaberto a pedido da comissão Interamericana de Direitos Humanos feita a Defensoria Publica, o sindicato diz que vai dar todo suporte jurídico aos servidores.

Seria uma informação qualquer, não fosse os interesses que estão por trás e  podem  custar  o emprego, a moral e a vida de 14 mil servidores.

Num passado muito recente, o governo do estado de são paulo, usou um dos recursos mais sórdidos e nefastos para desmoralizar os trabalhadores da antiga Febem (atual FC) e depois demitir em massa.

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Servidor da Fundação casa Espancado em rebelião por internos
O Discurso forjado, tinha como base a suposta tortura praticada pelos malvados servidores contra os inocentes internos abrigados na instituição.

Por algumas vezes, a direção da FC que representava o governo, armou situações pra pichar os trabalhadores como despreparados e truculentos e as denuncias das comissões internacionais jorravam.

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Servidor da FC refém espancado pelos internos por horas
Exemplos são vários, Imigrantes em 1999, Tatuapé em 2000, 2002, 2003, 2005, Franco da Rocha 2000, 2001, 2002 e 2003 (chegando a Human Rights a visitar o complexo), Raposo Tavares, 2000,2001 e 2002.

Mas também neste período, a organização dos servidores e sua mobilização, fazia com que sua voz ecoasse internacionalmente, fazendo o contraponto das acusações, mostrando que os servidores também eram vitimas e igualmente torturados. 

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Servidor da FC ferido em reelião
O sindicato marcava presença diariamente nas páginas de jornais e emissoras de tv, mostrando a realidade das unidades e o sofrimento por qual passavam os servidores. Diante de fatos e provas, o discurso de torturadores não decolava, pois quem aparecia como vilão era o governo e servidores e internos como vitimas.

Alexandre de Morais ex-presidente da febem, tentou aplicar o golpe final, a categoria mesmo abalada se reergueu, graças a todo um histórico de denuncias que a entidade sindical lançava diariamente na imprensa e nos tribunais.

A farsa da tortura montada por Moraes na unidade V. Maria em 2005,  que serviu de pretexto para demitir 1751 trabalhadores, não decolou e colocou abaixo os planos da privatização.

Filme de Tortura de 2016 é a Reprise de 2005 


Quem tem acompanhado o massacre sofridos pelos servidores na mídia nos últimos 3 anos, irá perceber que  os argumentos e situações criadas são as mesmas, sendo os trabalhadores acusados diuturnamente pelo governo, instituição e entidades de defesa de praticarem tortura.

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Corregedor da FC sempre acusa funcionários nunca o governo
Ousamos dizer a nosso caro navegante que é uma cópia fiel daquele filme, ou melhor uma cópia aprimorada, sendo a unica diferença que desta vez os servidores estão totalmente desprotegidos e indefesos.

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Rebeliões se repetem cada vez mais violentas
A voz dos trabalhadores não ecoa em sua própria defesa, afinal a entidade sindical politicamente é muda, e  na mídia, rotineiramente vemos apenas os disparos a queima roupa desferidos pela corregedoria da FC, governo e ONGs contra os trabalhadores. 

Este inquérito nada mais é do que frutos colhidos pela gestão da FC, colocando mais uma entidade internacional de peso para crucificar os servidores. Assim, a gestão hipócrita,  cria perante a sociedade o marketing necessário para validar a extinção da fundação e com ela seu servidores.

Diretor Jurídico Sindical  de Vitima a Algoz

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O Nero moderno assiste o duelo de camarote e colhe vantagens
Ao ficar calado, o sindicato da categoria joga em óleo fervendo seus representados, colocando em risco não só seus empregos, mas sua moral e até mesmo a liberdade.

Resumir a gravidade do inquérito instaurado no 75º DP (onde 32 trabalhadores vão ser interrogados por tortura), a um mero acompanhamento jurídico do sindicato, chega a ser uma traição para com aquele pais e mães de família, pois ali claramente esta colocado não apenas fatos e atos jurídicos ou antijurídicos, mas os interesses políticos de se erradicar a tortura e com ela a fundação e seus servidores.

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Direção sindical se omite brito de Vitima a algoz
Sendo os fatos políticos preponderantes, como sempre a sociedade e as organizações vão exigir que se aponte culpados e o governo novamente trilha o caminho de jogar o fardo nas costas dos servidores, expondo estes como sempre o faz, saindo novamente o verdadeiro vilão ileso.

Como na Roma antiga, o governo de são paulo constrói seu coliseu em forma de unidades, com estrutura precária, insalubre, degradante. Superlota estas unidades de jovens violentos e sem qualquer perspectiva, privando eles de sua liberdade, o que os leva em dado momento a se transformarem em verdadeiros leões.

Cumprida esta parte, o Nero governamental coloca em meio a centenas de leões, cinco ou seis servidores que representam os gladiadores,  em numero infinitamente menor, lutam desesperadamente por suas vidas, na maioria das vezes são vitimas fatais.

Assistindo de camarote o confronto sombrio entre internos e servidores, o governo só colhe os frutos desse verdadeiro teatro de horrores, pois contra os internos reforça o discurso da redução da idade penal e contra os servidores a retirada de direitos e a privatização.

Quem diria, o mesmo diretor jurídico sindical Edson Brito, que tenta anestesiar o pobre servidor com a presença de um simples advogado na delegacia, no passado dependeu muito mais do que um simples advogado para se livrar da acusação de tortura e consequente prisão.

Em 1999, ao ser acusado de torturar internos junto com outros servidores no extinto Complexo  Imigrantes, Brito só não foi condenado porque as provas juntadas pela direção sindical da época e o debate realizado na mídia e na sociedade, foram fundamentais para que provasse sua inocência e a inocência dos demais servidores.

Hoje, ao invés de usar toda a experiência adquirida com seu próprio drama, fazer o debate politico na sociedade criando as condições necessárias para que os servidores não se transformem em bode expiatório, ao contrário, se recolhe a mediocridade de ceder um advogado, que pelo galope,  não está munido de fatos e provas, e se quer, tem apoio da opinião publica para obter exito.

A vitima do passado, hoje pela omissão é o algoz de sua própria classe, colocando o poder e os interesses individuais acima dos interesses de seus representados, amigos de trabalho, pais e mães de família vitimas de uma politica nefasta de um governo que a 30 anos mente e esfola sem dó e nem piedade.

Enfim caro navegante, no teatro de horrores que novamente se apresenta na Fundação Casa de São Paulo, algumas vitimas do passado talvez sonhem com cargos nas ONGs, afinal muitas vão precisar de advogados, enquanto que as vitimas do futuro correm o risco de sonhar dentro de alguma cela do piranhão de Taubaté, como ocorre com alguns servidores já condenados.

Por: Gilberto Braw

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