Funcionário fantasma do PSDB é um dos líderes do movimento
golpista de 7 de setembro
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Dep. Valdir Rossini PSDB/PR |
Ary Kara, ciberguerrilheiro tucano, é funcionário fantasma
de Valdir Rossoni, presidente do PSDB e da Assembleia Legislativa do Paraná.
Segundo reportagem de CartaCapital, fantasminha estaria por trás da organização
de manifestação contra Dilma, no dia 7 de Setembro, ao lado de pessoas de
extrema-direita do naipe do deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ).
A CartaCapital detalha como está sendo organizada
manifestação pelos tucanos e extrema-direita brasileiros denominada no Twitter
e Facebook como “Operação Sete de Setembro”, em alusão ao Dia da Independência.
Entre os golpistas, segundo reportagem de André Barrocal, está Ari Cristiano
Nogueira, cujo apelido nas redes sociais da internet é Ary Kara, que é investigado
por promotores estaduais por supostamente ser funcionário fantasma no gabinete
do deputado Valdir Rossoni (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa do
Paraná. Se o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT), tinha entre os seus
o ciberguerrilheiro André Guimarães, como acusou Veja, os tucanos agora também
tem um para chamar de “seu”: Ary Kara. A seguir, a íntegra da matéria:
O desfile golpista
André Barrocal
As manifestações de junho começaram com a defesa do
transporte público gratuito e de qualidade por militantes do Movimento Passe
Livre (MPL), mas depois tomaram rumos novos e uma proporção inesperada.
Aglutinados pelas redes sociais, milhares de jovens foram às ruas contra “tudo
isso que está aí”, sobretudo os partidos políticos. Nas mesmas redes sociais há
quem tente articular outra explosão de protestos, agora no Dia da
Independência. Não se sabe se o plano vai funcionar, mas uma coisa é certa: ao
contrário dos acontecimentos de junho, o movimento nada tem de apartidário.
O alvo da “Operação Sete de Setembro” é a presidenta Dilma.
O caráter político-ideológico da “operação” fica claro quando se identificam
alguns de seus fomentadores pela internet. Entre os mais ativos consta uma ONG
simpatizante de uma conhecida família de extrema-direita do Rio de Janeiro, os
Bolsonaro. E um personagem ligado ao presidente da Assembleia Legislativa e do
PSDB paranaenses, Valdir Rossoni.
É uma patota e tanto. Envolvidos em algumas denúncias de
corrupção, não surpreenderia se eles mesmos virassem alvo de protestos.
A ONG em questão é a Brazil No Corrupt-Mãos Limpas, sediada
no Rio. Seus principais integrantes são dois bacharéis em Direito, Ricardo
Pinto da Fonseca e seu filho, Fábio Pinto da Fonseca. Há cinco eles brigam nos
tribunais contra a OAB na tentativa de acabar com a exigência de uma prova para
obter o registro de advogado. Os dois foram reprovados no exame da OAB. Em sua
página na internet e no Twitter, a ONG promove a “Operação Sete de Setembro” e
a campanha “Eu Não Voto em Dilma: Eleição 2014, Brasil sem PT”.
Um dos principais parceiros da entidade nas redes sociais é
o deputado estadual fluminense Flávio Bolsonaro, do PP. Pelo Twitter, ele
compartilha informações, opiniões e iniciativas da ONG. A dobradinha extrapola
o mundo virtual. Bolsonaro comanda na Assembleia do Rio uma frente para acabar
com a prova da OAB. Em Brasília, a ONG conseguiu um neo-aliado, o líder do PMDB
na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que encampou a idéia de extinguir o
exame.
Filho do deputado federal Jair Bolsonaro, Flávio tem as
mesmas posições do pai, célebre representante da extrema-direita nacional. Os
Bolsonaro são contra o casamento gay, as cotas raciais nas universidades e os
índios. Defendem a pena de morte e a tortura. Chamam Dilma de “terrorista” por
ter ela enfrentado a ditadura da qual eles sentem saudade.
“Naquele tempo havia segurança, saúde, educação de
qualidade, havia respeito. Hoje em dia, a pessoa só tem o direito de quê? De
votar. E ainda vota mal”, declarou o Bolsonaro mais jovem não faz muito tempo.
A ONG adota posturas parecidas com aquela dos parlamentares.
Em sua página na internet, um vídeo batiza de “comissão da veadagem” alguns dos
críticos da indicação do pastor Marco Feliciano para o comando da Comissão de
Direitos Humanos da Câmara. Divulga ainda um vídeo de teor racista contra
nordestinos, no qual o potencial candidato do PT ao governo do Rio, o senador
Lindbergh Farias, nascido na Paraíba, é chamado de… “paraibano”.
A agressividade no trato com os semelhantes custou aos
Fonseca uma denúncia à Justiça elaborada pelo Ministério Público Federal no ano
passado. Pai e filho foram acusados de caluniar o juiz federal Fabio Tenenblat.
Em 2009 e 2010, ambos entraram na Justiça com duas ações populares contra o
exame da OAB e o então presidente da entidade no Rio, Wadih Damous.
A segunda ação parou nas mãos de Tenenblat, que a arquivou
em julho de 2011. Na sentença, o juiz acusa os autores de “litigância de
má-fé”, pelo fato de manterem outra ação semelhante. “O dolo, a deslealdade
processual e a tentativa de ludibriar o Poder Judiciário são evidentes”,
anotou.
Na apelação levada ao juiz para tentar reabrir o prazo, os
Fonseca e seu advogado, José Felicio Gonçalves e Souza, acusaram Tenenblat de
favorecer a OAB “por tráfico de influência ou por desconhecimento”, o que
“demonstra claramente sua parcialidade e má-fé como magistrado”.
Em maio de 2012, os três foram denunciados pela procuradora
Ana Paula Ribeiro Rodrigues por crime contra a honra. Em novembro, um acordo
suspendeu o processo por dois anos. Os acusados foram obrigados a se retratar
publicamente, a se apresentar à Justiça de tempos em tempos e a pedir
autorização sempre que pretenderem deixar o Rio por mais de 30 dias. Também
levaram uma multa. Se descumprirem o acordo, o processo será retomado.
Ari Cristiano Nogueira, outro ativo incentivador nas redes
sociais da “Operação Sete de Setembro”, também está na mira do Ministério
Público. Morador de Curitiba, é investigado por promotores estaduais por
supostamente ser funcionário fantasma do gabinete do deputado Rossoni. Nogueira
é um ativo militante na internet sob o pseudônimo Ary Kara.
Por meio do Twitter, foi o primeiro a circular, em meados de
julho, a notícia de que Dilma teria recebido na eleição de 2010 uma doação de
510 reais de uma ex-beneficiária do Bolsa Família, chamado por ele de “bolsa
preguiça”. Dias depois, a doação, registrada na prestação de contas de Dilma
entregue à Justiça eleitoral, virou notícia nos meios de comunicação.
O Ministério do Desenvolvimento Social acionou a doadora,
Sebastiana da Mata, para saber se a contribuição era dela mesmo. Ela negou.
Por Twitter e Facebook Nogueira é um dos difusores da
convocação para o “maior protesto da história do Brasil”, em 7 de setembro. Sua
página no Twitter é ilustrada com o dizer “Partido Anti-Petralha”, forma
depreciativa de se referir aos militantes petistas bastante difundida na rede
de computadores. No orkut, define-se como “conservador de direita” e manifesta
preferência pelo PSDB.
Até junho de 2012, era assessor do presidente do partido no
Paraná, como contratado na Assembléia. Deixou o gabinete para trabalhar na
campanha à reeleição do então prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, que concluía
o mandato herdado em 2010 do atual governador do Paraná, o tucano Beto Richa.
Em 2010, uma série de denúncias levou o MP estadual a abrir
um inquérito para apurar uma lista com mais de mil supostos funcionários
fantasmas na Assembleia. Nogueira a integrava. Desde então, alguns suspeitos
foram denunciados e julgados
O caso de “Ary Kara” segue em aberto. O promotor Rodrigo
Chemim aguarda uma autorização judicial para quebrar o sigilo bancário do
investigado. Espera ainda por respostas de empresas de segurança onde Nogueira
teria trabalhado, enquanto deveria dar expediente no Parlamento estadual.
Rossoni, antigo patrão de Nogueira, foi investigado pelo
Ministério Público por uso de caixa 2 na eleição de 2010, pois parte dos gastos
de sua campanha não estava comprovada. Ao julgar o caso em agosto do ano
seguinte, o Tribunal Regional Eleitoral reconheceu a existência de despesas de
pagamento sem a devida comprovação, mas os valores foram considerados baixos e
o deputado acabou absolvido por 4 votos a 2.
Reeleito à presidência da Assembleia, o tucano foi
recentemente acusado de receber benefícios de empresas donas de contratos de
rodovias privatizadas no Paraná. Durante mais de dois anos, o parlamentar
conseguiu barrar a criação de uma CPI do Pedágio no estado. Perdeu, porém, a
guerra. A CPI foi instalada no mês passado.