O Blog Gigi Fala Tudo, após tomar ciência nas redes sociais da campanha para arrecadação de doações para o servidor da Fundação Casa de São Paulo, SHAOLY ALBERT DA SILVA ARAGÃO, vitima de rebelião no ultimo dia 07 de agosto na Unidade Bela Vista - Complexo Vila Maria, foi buscar mais informações sobre o ocorrido e, além de descobrir a situação precária de abandono que se encontra o servidor, uma outra informação nos levou a uma pesquisa na ultima semana que é de deixar qualquer cidadão perplexo, e ainda, pode explicar o alto índice de adoecimento mental dos servidores da FC.
|
servidor torturado em rebelião da Fundação Casa |
O Gigi Fala Tudo se reuniu em uma lanchonete proxima ao complexo Vila Maria com 8 servidores de 3 unidades entre elas a unidade Bela Vista, onde os servidores nos contaram que Shaoly alem de ser espancado por um longo tempo teve traumatismo craniano entre outros, sendo que o mesmo não havia recebido qualquer apoio da instituição e passava por dificuldades para comprar remédios, uma vez que até passar pela pericia do INSS, este ficaria sem pagamento e por isso vários servidores resolveram fazer uma campanha para arrecadar dinheiro através de depósitos na conta de Shaoly no Banco do Brasil Agência 683-1 conta 5815-7.
Durante aproximadamente duas horas, ouvimos os relatos dos servidores sobre as condições precárias do complexo e dos tumultos e ameaças de rebelião, agressões físicas, ameaças de internos e familiares contra os servidores que viraram rotina.
No entanto a direção do complexo e da FC nada fazem para sanar os problemas, ao contrário, ameaçam os servidores e fortalecem os cargos de confiança que abusam do poder e cometem ilicitos.
Um dos casos citados é do Diretor da unidade Bela Vista Alaor, que segundo os servidores, é considerado um "Lixo", apanhou dos internos na Vila guilherme e por isso foi transferido para a Bela Vista.
Alaor é aquele coordenador que foi denunciado pelos funcionários ao deputado Antonio Mentor de cometer abusos contra os servidores e de fazer faculdade no horário de trabalho com aval do diretor de divisão.
Esta denuncia feita ao deputado, levou Mentor a fazer uma representação junto ao MPT e MP, no entanto, ao invés da corregedoria da instituição apurar o fato e punir os responsáveis, Alaor foi promovido a diretor enquanto os denunciantes foram punidos, entre eles Carlos Buryl Uilson que denunciou a maracutaia.
Mas o que chamou nossa atenção, foi a quantidade de bebidas alcoólicas que os servidores ingeriam durante a conversa sem que apresentassem sintomas de embriagues.
Indagados por estarem bebendo demasiadamente, a resposta foi unanime, " Isso é praxe depois de um plantão de 12 horas de stress é para relaxar".
A maioria informou que não tinha costume de beber antes de ingressar nos quadros da Fundação Casa, sendo que entravam com os amigos de trabalho no bar uma vez por mês. Porém, após 5 meses a maioria passou a frequentar o bar e beber depois de quase todos os plantões.
Seis deles, com idade entre 27 e 45 anos e média de 6 anos de fundação, foram vitimas de rebelião, e informaram que bebiam em média de 6 a 7 cervejas diariamente, além das bebidas destiladas. Dois deles informaram que depois de ter sido refém em rebeliões ingerem bebidas antes de ingressar no plantão, na hora do almoço e após o plantão, pois só assim conseguem encarar as feras (internos infratores).
Outros dois, (entre eles uma funcionária que disse quase ter sido estuprada), informaram que além de beberem todos os dias, são viciados em medicamentos controlados (rivotril, diazepam, carbamazepina, lexotan), inicialmente eram ministrado por seus médicos para o tratamento psiquiátrico pós traumático e ainda em analgésicos em função das dores provocadas no corpo em função da tensão dos plantões.
Diante destas informações, realizamos uma pesquisa junto a 72 servidores de várias unidades do estado com idade entre 25 e 50 anos.
Utilizamos para a pesquisa o aplicativo watsapp e redes sociais, os dados são alarmantes, superando o levantado pelo núcleo de saúde do sindicato em 2001, que apontava que entre 15 e 20% dos atendidos tinham problemas de alcoolismo, 5% envolvimento com drogas ilícitas e apenas 0,1% com drogas licitas ( medicamentos).
Dos 72 entrevistados, 59 passaram por rebeliões, 25 deles foram reféns, sendo que 63 admitiram fazer uso de bebida alcoólica após os plantões, 46 admitiram beber entre 2 a 6 cervejas diariamente (independente de estar de plantão ou de folga) além de bebidas destiladas, 45 admitiram fazer uso de medicamentos controlados com ou sem prescrição médica entre eles rivotril, hidantal, diazepan, clobazan e carbamazepina, 69 admitiram fazer uso de analgésicos por conta própria em função de dores no corpo após os plantões, 12 admitiram fazer uso de maconha, cocaína e crack.
Mas os problemas não param por ai, dos 72 ouvidos pelo Gigi, 67 informaram que passaram a ter problemas de relacionamento com suas famílias e amigos após iniciarem o trabalho junto a FC, entre os problemas apontados, falta de paciência, mudança no humor e de comportamento, medo e irritação, lapso de memória entre outros.
Os problemas familiares se aprofundam, dos 54 que são casados, 29 se separaram depois que começaram a trabalhar na FC, 27 atribuem a separação a mudança comportamental após iniciarem suas atividades da FC, 12 deles respondem processo por violência doméstica.
Os reflexos no trabalho também são preocupantes, pois dos 72 ouvidos, 56 tem problemas com a assiduidade no trabalho, 46 respondem a processos administrativos por falta e atrasos, 64 tiveram mais de 8 atestados médicos entregues em um ano e 53 tiveram afastamentos médicos superiores a 15 dias.
Mas se o nosso caro internauta acha isso absurdo, o índice entre os que foram reféns em rebeliões é bem pior, pois dos 25 todos fazem uso de bebidas alcoólicas diariamente, 19 bebem antes, durante e depois dos plantões, 23 fazem uso de medicamentos controlados e analgésicos e 9 deles fazem uso de maconha, cocaína ou crack.
O que mais nos impressionou durante nosso levantamento, é verificar que a Fundação Casa de São Paulo que é uma instituição publica ligada diretamente ao governo do estado, cujo o PSDB está a mais de 25 anos governando e nada fez para mudar esta situação.
Segundo o diretor do sindicato da categoria profissional Sitsesp/Sitraemfa Assis Dias, a situação de adoecimento da categoria vem se agravando ano a ano, rebelião após rebelião, aumentando em muito o numero de servidores mutilados e com problemas psiquiátricos, visto que as estruturas da instituição estão cada vez mais precárias e com maior numero de internos cada vez mais violentos, perigosos e mais estruturados.
"Além das péssimas condições de trabalho, a pressão exercida pelos gestores para esconder as precariedades das unidades, a superlotação e o abuso de poder, geram no servidor uma frustração e uma indignação que levam eles a descarregar sua raiva em algum lugar, geralmente este lugar é a cachaça e remédios ou a família que acaba também sendo vitima desta politica perversa da FC" afirma Assis Dias.
"Só neste ano são mais de 50 rebeliões e tumultos que fizeram centenas de servidores de reféns, a maioria absoluta com traumas físicos como o Shaoly que teve traumatismo craniano, mas os traumas psicológicos vão ficar impregnados no servidor pelo resto da vida, depois de amassados como papel velho e adoecidos a FC vai descarta-los através de processos administrativos muito suspeitos"disse Assis.
Assis, nos relatou os casos de J.M.I e de M.G.M, ambos vitimas de rebelião e de assédio moral praticados pela direção da FC, ambos começaram a apresentar problemas de comportamento, alcoolismo, chegando J.M.I a ficar sumido por quase 25 dias, no entanto mesmo sendo a FC alertada pelos trabalhadores e sindicato sobre a situação do servidor, esta abriu processo administrativo, sem dar qualquer chance de defesa demitiu o servidor.
"A mesma coisa aconteceu com M.G.M da unidade Caraguatatuba que ficou tão transtornado e abalado com o descaso da FC que abriu um blog para denunciar as falcatruas, abusos e péssimas condições de trabalho. No entanto, a FC ao invés de ouvir o que ele denunciava que nada mais era do que a verdade, preferiu abrir um PAD e demiti-lo por justa causa e hoje ele se encontra totalmente imerso no alcoolismo, sendo obrigado seus pais a busca-lo em Caraguatatuba e leva-lo para a Praia Grande para trata-lo, é isso que a FC faz com seus funcionários adoece eles, descarta ou mata eles com depressão ou na ponta da faca dentro das rebeliões" afirma indignado o diretor sindical.
Assis nos informou ainda que a maioria dos casos acabam sendo revertidos na justiça do trabalho, porém a FC continua cometendo este tipo de abuso de poder, uma vez que o juiz se limita apenas a julgar o caso isoladamente, não colocando um freio a este tipo de abuso.
"Isso tudo acontece porque a FC conta com os recursos protelatórios, ou seja, mecanismos judiciais para recorrer até a ultima instancia, demorando anos para o servidor ter definitivamente o ganho de causa, assim repassa o problema de uma gestão para outra e o judiciário e MPT assistem esse absurdo calado enquanto os servidores são moídos nesta máquina perversa" dispara Assis.
Através do diretor Assis que acompanha os casos de J.M.I e M.G.M, descobrimos que J.M.I está com processo de reintegração tramitando na 81ª vara do trabalho de São Paulo.
Ao verificarmos o processo, descobrimos coisas mais do que absurdas.
A FC tentou de forma medíocre desqualificar a violência e as agressões sofridas por J.M.I durante a rebelião que ele ficou de refém dos internos. Mesmo ele sendo espancado e torturado por horas e tendo a mão fraturada e um dente quebrado, a FC de forma descarada e descabida alegou em sua contestação que todas aquelas informações eram "fruto da imaginação do servidor".
Pior que isso, a FC de forma escabrosa e com o claro intuito de ludibriar o juiz, juntou outros processos administrativos instaurados contra J.M.I para dar o entendimento que o servidor realmente não era assíduo e que supostamente era um mal funcionário.
Pasmem os nossos internautas, os referidos PADs juntados, tiveram suas conclusões e resultados publicados muito tempo depois do servidor já ter sido demitido, chegando um deles a propor a suspensão do servidor por 10 dias, para assim, deixar a impressão que outras medidas já haviam sido tomadas contra o servidor, o que poderia levar o juiz a erro.
Este tipo de prática fraudulenta nos processos administrativos, só vem a reforçar as representações feitas por deputados junto ao MPT e MP sobre as fraudes cometidas pela corregedoria da Fundação Casa e sucessivamente denunciadas pelo nosso blog.
Em contato com o ex-deputado Antonio Mentor, que agora atua na liderança do Partido dos Trabalhadores na Assembléia Legislativa de São Paulo, ele nos informou que a bancada do PT esta ingressando junto ao MP com outra representação onde a corregedoria da fundação é apontada não só por cometer fraudes nos PADs, mas também de corregedores cometerem ilícitos administrativos, falsidade ideológica onde, alguns dos corregedores não são advogados mas se apresentam nas redes sociais como advogados, e ainda de danificarem o patrimônio publico e atuarem diretamente nos processos administrativos causando prejuízos ao erário publico.
O Blog Gigi Fala Tudo buscou conversar com a advogada de J.M.I e com seus familiares, mas nenhum deles quis se manifestar.
Já no caso de M.G.M, entramos em contato com a família do servidor, sendo atendido pela senhora Alice Franco Bueno de 82 anos avó materna, uma senhora sorridente bem lucida para a idade já avançada, natural de Birigui interior de São Paulo, ela nos recebeu com um sorriso enorme, café com leite e bolo de cenoura.
Toda alegria de dona Alice só foi apagada quando ela começou a falar de seu neto querido. Ela nos disse que M.G.M sempre foi um rapaz saudável, que nunca teve envolvimento com bebidas ou drogas, sempre responsável e estudioso, o sonho dele era fazer faculdade de jornalismo e como moravam no litoral estudava constantemente para prestar concurso publico.
"Quando meu neto chegou em casa em 2005 todo feliz e disse que havia sido contratado pela Fundação Casa, na hora senti um aperto no peito, pois via sempre na televisão as rebeliões e fiquei preocupada, mas ele estava tão contente que preferi não dizer nada, mas sentia que não era bom" disse dona Alice.
Ela nos conta que M.G.M já no primeiro mês foi feito refém na unidade 21 de Franco da Rocha, quando ficou sabendo a família entrou em pânico, ele estava longe de casa e só aparecia nas folgas. Depois de 3 meses que ele estava trabalhando todos da família já percebiam as mudanças em seu comportamento, ficava sempre de mau humor, inquieto, assutado, já não saia mais para a praia e quando saia ficava olhando o tempo todo ao seu redor com medo.
Segundo dona Alice, M.G.M começou a beber, coisa que ele nunca havia feito, sua primeira esposa chegou a confidenciar a sogra que ele havia passado em um psiquiatra e estava tomando remédios para dormir o que preocupou toda a todos. Após 8 meses de fundação M.G.M era outro, totalmente diferente e sua esposa pediu a separação.
Após um ano M.G.M pela insistência da família saiu da FC, ficando aproximadamente seis meses fora, no entanto foi chamado pelo concurso e mesmo contrariando a família voltou a laborar para a FC, inicialmente na unidade de Bragança Paulista, mas prestou serviço pela gerencia de segurança em campinas, guarulhos e posteriormente foi transferido contra sua vontade para a unidade Caraguatatuba.
Após a transferência para o litoral, a família achava que ele estaria melhor e mais seguro, tendo em vista que ele começou um novo relacionamento com uma moça, em 3 meses já estava morando junto com ela.
No entanto, aquela suposta calmaria foi passageira uma vez que a unidade de Caraguatatuba começou apresentar problemas de rebeliões, fugas e pior que isso, um assédio moral violento praticado pela direção sobre os servidores.
Como resultado das péssimas condições de trabalho e do assédio moral, M.G.M teve dois afastamentos psiquiátricos, uma hernia estourada em função dos carrinhos pesados que era obrigado a levar nas escadas.
A partir dai segundo dona Alice M.G.M descambou, revoltado por relatar para a ouvidoria e a divisão o descalabro em que estava a unidade e ver que nada era feito para mudar, ele então montou uma página na internet e começou a denunciar nas redes sociais.
Ao mesmo tempo M.G.M, começou a apresentar um quadro grave de alcoolismo e já estava viciado nos calmantes, não conseguia dormir sem os remédios, chegando a ficar até 4 dias sem dormir igual a um zumbi informou dona Alice aos prantos.
A avó de M.G.M se revolta e com a voz embargada xinga a presidente da FC Berenice Gianella "aquela vaca pegou meu neto saudável e deixou ele totalmente doente, jogou ele de uma unidade para a outra com a intenção de mata-lo, mandaram ele para Lorena e depois para a tamoios quase 120 KM obrigando ele ir de moto, cheio de remédio, bêbado a correndo o risco de bater a moto na serra. Depois demitiu ele como se fosse um bandido vagabundo, essa mulher vai queimar no inferno" disparou dona Alice.
Na ultima sexta feira, após a separação da sua segunda mulher, os pais de M.G.M foram buscar ele em Caraguatatuba e o levaram para junto da família em Praia Grande para tratamento do alcoolismo e desintoxicação dos medicamentos controlados.
A família já consultou um advogado e pretende nos próximos dias ingressar com uma ação de reintegração e de danos morais e materiais contra a FC. " Não queremos que ele volte a trabalhar naquele inferno, mas é preciso limpar o nome dele porque eles mandaram ele embora por justa causa e o advogado falou que tem que pedir a reintegração e a indenização e depois que ele ganhar e voltar ai ele pode pedir demissão, eles vão ter que pagar a maldade que fizeram com meu neto" disse dona Alice.
Como nosso caro internauta pode verificar através dos levantamentos aqui trazidos, a Fundação Casa de São Paulo a mais de 25 anos administrada pelo PSDB é uma verdadeira máquina de moer pessoas, sejam elas internos ou servidores.
Mas esse tipo de situação só ocorre por culpa exclusiva do judiciário trabalhista que reiteradamente tem fechado os olhos as denuncias dos trabalhadores e do MPT que tem ajuizado diversas ações civis que na sua maioria são vitoriosas em primeira instancia, mas reformadas no TRT da 2ª região.
No mesmo diapasão de omissão esta o Ministério Publico do Estado de São Paulo, que mais parece um órgão de defesa de bandidos, pois movimenta várias ações para favorecer os internos infratores, mas no entanto, se omite de apurar as gravíssimas denuncias feitas pelos trabalhadores contra os gestores e corregedoria da FC, que continuam abusando de seus cargos, patrocinando fraudes entre tantas outras irregularidades.
Por; Gilberto Braw