Relator considera incompatíveis com decoro parlamentar
denúncias contra Cunha
Presidente da Câmara Eduardo Cunha a um passo de perder o mandato |
Relator do processo contra o presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética, o deputado Fausto
Pinato (PRB-SP), afirmou hoje (24) que os fatos denunciados na representação
[do PSOL], caso comprovados, são “incompatíveis com o decoro parlamentar” e as
cópias dos dois inquéritos que tramitam contra Cunha no Supremo Tribunal
Federal (STF), além das informações do procurador-geral da Republica, Rodrigo
Janot, confirmando a existência de contas de Cunha e familiares na Suíça, são
suficientes para o início da investigação.
Um pedido de vistas coletivo do processo causou a suspensão
reunião do conselho que apreciava a denúncia de quebra do decoro parlamentar
contra Cunha e o julgamento vai ser retomado no dia 1º de dezembro próximo. “[O
pedido de vista] é regimental e eu fui obrigado a dar”, disse o presidente do
conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA).
Ao apresentar seu voto, Pinato disse que as acusações
preenchem os requisitos de admissibilidade previstos no Código de Ética.
“Salienta-se que as alegações do Excelentíssimo Procurador Geral da República
são gravíssimas, merecedoras de uma análise detida por parte desse colegiado,
uma vez que extrapolam a esfera privada do representado, tendo potencial para
macular a dignidade e a honra do Poder Legislativo, como instituição política”,
afirmou ainda o relator do processo.
Saiba Mais
Antes da leitura do parecer do relator, a defesa de Eduardo
Cunha pediu a suspeição de Pinato, alegando que ele teria revelado seu voto à
imprensa antes de apresentá-lo no Conselho de Ética, o que comprometia o
processo. O pedido foi endossado pelo deputado Manoel Junior (PMDB-PB), um dos
principais aliados de Cunha na comissão.
“Avalio que foi uma grande vitória da defesa em ser ouvida.
A defesa teve a oportunidade de trazer alguns dos seus elementos e continuará
fazendo isso na próxima sessão”, disse o advogado de Cunha, Marcelo Nobre.
O pedido de suspeição do relator foi rejeitado pelo
presidente do conselho, que acatou o argumento do relator de não caber questionamento
sobre o mérito do voto durante o exame de admissibilidade. “Onde o exame
preliminar está vinculado à defesa prévia? Isso é duvidar da inteligência”,
disse Pinato.
Araújo, porém, disse que conversaria com a assessoria
técnica do conselho para corroborar sua decisão e que, caso a representação
seja aceita, serão abertos todos os direitos de defesa: “Estou certo e tenho a
consciência tranquilidade que o relator nada fez para que o tornasse inapto”,
disse. “Eu quero ter o embasamento para na próxima reunião colocar claramente
as coisas”.
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