Manifestação de mulheres no Rio pede saída de Cunha da
presidência da Câmara
Uma manifestação que reuniu principalmente mulheres pediu
hoje (28) a saída do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara.
O ato ocorreu na Cinelândia, tradicional local de manifestações políticas no
centro do Rio. As posições do parlamentar a favor de uma legislação mais
restritiva ao aborto e o envolvimento dele no recebimento de recursos desviados
da Petrobras, segundo investigações da Operação Lava Jato, foram alvos de
críticas das participantes.
As ativistas saíram em passeata da Assembleia Legislativa do
Rio de Janeiro (Alerj), onde acompanharam, durante a tarde, a votação do
relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o aborto no estado,
classificado pelas feministas como um retrocesso.
Na caminhada até a Cinelândia, as manifestantes pararam em
frente ao escritório político de Eduardo Cunha, no Largo da Carioca, e, com
faixas e cartazes, protestaram contra o Projeto de Lei (PL) 5.069, que
dificulta a realização de abortos por mulheres vítimas de estupro, pois ficam
obrigadas a fazer boletim de ocorrência em delegacia policial para comprovar a
violência sexual.
“Este ato é contra o PL 5.069, que burocratiza o processo,
pois, em vez da pessoa ir receber tratamento médico, ela primeiro tem que fazer
um boletim de ocorrência. Isso é uma crueldade com a vítima, que está
fragilizada e precisa de amparo. A maioria das pessoas não concorda com o tipo
de postura que ele [Cunha] tem, não só em relação aos desvios [de dinheiro] e à
conta na Suíça, mas quanto à atitude dele, que é muito retrógrada”, disse a
estudante de história Luisa Lima de Moraes.
“O Cunha tem uma série de projetos de lei bastante
complicada e com grande chance de aprovação, como o que proíbe a pílula do dia
seguinte, que é um direito das mulheres, principalmente as que foram estupradas
ou sofreram algum tipo de abuso sexual”, afirmou a universitária Gisele Tanaka,
que faz doutorado em planejamento urbano.
Segundo a estudante, as denúncias de desvio de dinheiro
também pesam contra o deputado. “É o motivo mais óbvio, mais escancarado, que
devia levar à imediata saída do cargo de liderança no Congresso e também fazer
ele sofrer um processo judicial”.
Fonte:Agência Brasil
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