Manifestantes pedem punição para autores de massacres em São
Paulo
Sob uma fria garoa que caía na tarde deste domingo (13),
integrantes da organização não governamental Rio de Paz voltaram a protestar
contra duas chacinas que ocorreram há um mês e deixaram 19 mortos em Barueri e
Osasco, na Grande São Paulo. Eles ocuparam o vão livre do Museu de Arte de São
Paulo, na Avenida Paulista, no quarto ato do gênero em que defenderam a
elucidação do caso.
“Quem matou 19?”, perguntava um dos cartazes erguidos pelos
manifestantes. Eles prestaram homenagem aos mortos no dia 13 de agosto e
procuraram chamar a atenção das pessoas, colocando na calçada 19 cruzes feitas
em madeira e pintadas de preto. Com os nomes das vítimas estampados em cada uma
delas, as cruzes foram fincadas em potes de areia e enfileiradas ao longo da
calçada.
Os manifestantes, vestidos de preto, usavam mordaças. O
gesto de tapar a boca, conforme explicou Cláudio Nishikawara, voluntário da Rio
de Paz, foi uma forma de simbolizar o medo entre os moradores de áreas
violentas de falar sobre os crimes. Ele explicou que o grupo teve o objetivo de
se solidarizar com os familiares das vítimas e pedir que as mortes sejam
esclarecidas o mais rápido possível.
Ele queixou-se do número baixo de participantes no ato, que
começou por volta das 16h, com cerca de
30 pessoas. E condenou o entendimento segundo o qual quem mora na periferia
está sujeito a ser morto, sem que isso cause impacto na sociedade.
Entre os presentes havia uma pessoa representando os
familiares das vítimas, a doméstica aposentada, Zilda Maria de Paula, de 62
anos, mãe de Fernando Luiz de Paula, de 34 anos. “Eu vim em nome do meu filho e
em nome dos que morreram e que eu nem conhecia”, disse ela.
Para a doméstica, a ausência de outros familiares é
explicada pelo medo de represálias, porque os autores não foram identificados.
Ela contou que, nos locais onde ocorreram os massacres, as pessoas estão
inseguras e que, por volta das 20h30, a maioria se recolhe por sentir medo. “Eu
estou pondo minha cara a tapa, porque não tenho mais o que perder”, disse,
referindo-se à morte do único filho.”
Fonte: Agência Brasil
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