Internos da FC de Guaianases pulam cerca e fogem |
Nos moldes do que ocorreu entre os anos de 1999 e 2006, o Governo do Estado de São Paulo arrumou um mecanismo para acabar com a superlotação nas unidades da Fundação Casa de São Paulo.
O processo é simples, a direção da instituição fragiliza a segurança e o controle dos servidores sobre os jovens, propiciando que eles se organizem e empreendam fugas cada vez mais espetaculares, dignas de filmes de Hollywood.
Em duas semanas foram mais de 60 fugas, a primeira (30.08), na unidade Encosta Norte no bairro do Itaim Paulista, Zona Leste da capital onde 15 internos fugiram após um caminhão roubado arrombar os portões da unidade.
Esta unidade, fica encravada no meio de uma favela, não conta com policiamento externo, numero reduzidíssimo de servidores por plantão, se tornando um alvo fácil de rebeliões e fugas, A ultima rebelião violenta ocorrida nesta unidade o Diretor foi espancado por horas, colecionando vários traumatismos por todo o corpo.
Internos abrem buraco na parede para fugir |
A segunda ocorrida segunda feira (14), na unidade Vila Conceição, também na Zona Leste, onde 33 internos fugiram sem qualquer dificuldade.
Esta unidade, também fica encravada em meio a uma comunidade e já foi palco de várias fugas e rebeliões no ultimo ano, além dos servidores serem assaltados na porta da unidade várias vezes, sendo ainda a unidade alvejada por disparos de armas de fogo.
A terceira ocorreu na unidade de Guaianases na terça feira (15), onde 28 internos abriram um buraco no dormitório, escalaram os muros e empreenderam fuga. Esta unidade também fica no meio de uma comunidade e por várias vezes servidores foram ameaçados por bandidos da comunidade no trajeto para o trabalho.
Ponto em comum entre as fugas e a politica da direção
Os pontos comuns que unem estas unidades são vários. O primeiro deles é que todas as unidades ficam em meio a comunidades carentes, o que facilita aos jovens fujões abrigo nas fugas.
A segunda, é a estrutura das unidades, pois ambas tem estruturas fragilizadas de construção e de segurança, não há policiamento externo o que facilita inclusive a invasão das unidades colocando em risco a vida dos servidores.
O terceiro ponto é a falta de servidores, a quantidade de trabalhadores por plantão é insuficiente para o desenvolvimento de medidas pedagógicas, favorecendo a organização dos internos e consequentemente as fugas.
O quarto ponto em comum é a postura da corregedoria que sempre diz abrir sindicância para apurar as fugas, porém, sempre joga a responsabilidade pela omissão e má gestão da instituição nas costas dos servidores que, quase sempre, são usados como bode expiatório para esconder a inoperância da gestão.
Fugas anunciadas e corregedoria submissa
Para quem trabalha no sistema de infratores juvenis de São Paulo, as fugas constantes não são novidade, pois elas são anunciadas com antecedência pelas redes sociais.
Os servidores através de wattszapp e faceboock comentam entre si e nos grupos, a situação das unidades e os riscos que estas correm de rebeliões e fugas. Tudo isso, em função da fragilidade da segurança, péssimas condições de trabalho, super lotação, indisciplina dos jovens e a péssima gestão da instituição.
No entanto, a corregedoria da instituição, órgão que teria o papel de apurar as faltas funcionais inclusive da gestão e assim buscar evitar estas ocorrências, ao contrário, usa as redes sociais para processar os servidores que no uso de suas atribuições alertam sobre os riscos de rebeliões e fugas na instituição.
Essa metodologia usada pela corregedoria em processar os servidores que usam as redes sociais para informar a verdadeira situação das unidades, tem como objetivo claro esconder a responsabilidade da gestão a qual a corregedoria esta vinculada.
Isso demonstra que a politica adotada pelo governo do estado é buscar o esvaziamento das unidades da Fundação Casa por um mecanismo ilícito, onde, fragiliza-se a segurança das unidades facilitando a ocorrência de fugas, e justifica estes acontecimentos com o sórdido argumento de responsabilizar os servidores, contando ainda com o apoio da entidade sindical para obter o sucesso.
Infelizmente, diferentemente do Ministério Publico Federal que apura denuncias de desmandos na administração publica, o Ministério Publico Estadual se omite diante destes absurdos cometidos pelo governo do estado de são paulo e nada faz para proteger a sociedade.
Como se pode observar, no final das contas quem sempre acaba pagando a fatura são os servidores e a sociedade que acabam cada vez mais desprotegidos e vitimas da insegurança publica.
Por Gilberto Braw
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