segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Jovens são os que mais procuram atendimento por chat em prevenção de suicídio


Cerca de 80% das pessoas que procuram atendimentos por meio de chat do Livslinien Institute, entidade dinamarquesa que trabalha na prevenção de suicídio, têm menos de 30 anos. A informação é do educador e diretor do Instituto, Jeppe Kristen Toft, que participou, na Cidade Nova, no Rio de Janeiro, do 5º Simpósio Internacional de Prevenção do Suicídio, organizado pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), que, no Brasil, tem atuação semelhante à do Livslinien.

Toft informou que a entidade funciona há 20 anos, com apoio do Ministério da Saúde da Dinamarca. O atendimento por meio do bate-papo eletrônico está estruturado há apenas um ano, mas os resultados são bastante relevantes, disse ele. Segundo Toft, o trabalho com esse tipo de comunicação atrai a população mais jovem, enquanto a linha de atendimento de crises por telefone é mais procurada por pessoas entre 40 e 50 anos.

O diretor do Livslinien Institute, que também é coordenador da região Europa do Befrienders Worldwide [organização global que tem como afiliadas entidades que trabalham com prevenção ao suicídio], ressaltou que, durante os contatos, os jovens mostram intencionalidade e planejamento suicida muito altos.

O presidente do CVV, Robert Gellert Paris Junior, destacou que o fato da pessoa conseguir expressar o que está sentindo é bom e que  isso se transforma em uma chance a está fazendo o atendimento de conversar com ela. “Para que se alivie um pouco e se veja uma saída para o desespero dela. Para que a pessoa tenha outra perspectiva de vida ou uma perspectiva de vida um pouquinho diferente, que faça com que ela adie a intenção suicida, para que volte a falar conosco. E assim se salva uma vida.”

Robert Paris disse que não há uma causa específica sobre o que mais influencia os jovens, em uma situação difícil, a buscar o suicídio, mas ressaltou que estudos estão sendo feitos. Ele acrescentou que, na Coreia, a pressão sobre os jovens para obterem os melhores resultados nos estudos e depois na profissão os tem levado a pôr fim à vida. Além disso, Paris lembrou o isolamento de quem fica restrito por muitas horas às redes sociais. “Isso tem que ser visto seriamente. A pessoa, quando pensa em se matar, está em estado de ambivalência. Ela não quer morrer, mas se livrar da dor muito forte que a deixa com o raciocínio nebuloso”, explicou.

Para Robert, um fator que pesa em um momento desses é um comportamento próprio da juventude. “O jovem, quando não vê perspectiva, ânimo e desafios energizantes no futuro, como é impulsivo,  pode ter pensamentos, ações suicidas e até cometer o suicídio.”

O índice de suicídios na Dinamarca é de cerca de 12 pessoas por 100 mil habitantes. Segundo Toft, desde que o Livslinien Institute foi fundado, o número de suicídios naquele país caiu pela metade. No entanto, ele prefere não atribuir a queda no índice ao Instituto, porque, se algum dia os números aumentarem, também vão creditar o crescimento dos casos à entidade.

No Brasil, o CVV tem o programa por chat há cinco anos e atende a cerca de 60 mil pessoas por ano. “É uma ação que deve ser feita e incrementada. Enquanto não sabemos exatamente a causa, vamos agir na população jovem e disponibilizar meios para que esses jovens possam falar de seus sentimentos, dizer que não estão se sentindo bem, para que não tenham vergonha de dizer que estão mal e não sejam forçados a ser felizes.”

Fonte: Agência Brasil

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