Vítima de assédio moral não goza direitos sociais no
trabalho, diz procurador
O assédio moral no ambiente de trabalho foi discutido hoje
(10) durante o ciclo de palestras Assédio Moral no Trabalho e a Saúde dos
Trabalhadores, promovido pelo Programa Espaço Saúde do Servidor da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Procurador do trabalho no Rio de Janeiro,
Wilson Prudente destacou aspectos prejudiciais do assédio moral para um
funcionário no ambiente de trabalho.
Para o procurador, a vítima de assédio moral não tem a
oportunidade de gozar seus direitos sociais no ambiente de trabalho.
Acrescentou que o Ministério Público do Trabalho é um órgão constitucional
vocacionado para tutelar esses direitos. “Temos de combater o assédio nas
instituições. Para isso, devemos ter atitudes coletivas e individuais, porque a
batalha é grande”, afirmou.
Segundo ele, há dois tipos de assédio moral: o individual,
que parte de determinada pessoa ou de gestor, e o institucional, quando a
empresa ou instituição está comprometida com uma modalidade de perseguição,
seja ela racial, cultural ou religiosa, para, em alguns casos, assegurar
determinados procedimentos corruptos.
“Em administrações públicas, quando há algum processo de
desvio, para garantir que ele não será divulgado, existe a perseguição para
calar o servidor. Um assédio moral de modalidade institucional dificulta o
processo de identificação de quem está realizando os atos de perversão,
justamente por ela ser de cunho institucional", disse Prudente.
O psicólogo Henrique Castrom, da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP), informou que o medo é construído e utilizado
como instrumento de controle pelos assediadores. “Não é só no ambiente de
trabalho que o assédio moral existe. Em muitas universidades, as perseguições
ocorrem, porque naturalmente a sociedade produz esse sentimento de inveja, de
que não tem lugar para todos”, explicou o psicólogo.
Um sargento da Polícia Militar do Rio, que não quis se
identificar com medo de represálias, denunciou casos de assédio moral e de
violação dos direitos humanos no seu ambiente de trabalho. Segundo ele, muitos
policiais militares são obrigados a trabalhar sem condições de saúde, o que
acaba por gerar um reflexo muito grande na sociedade.
“Em 2013, denunciei o governador Sérgio Cabral por violação
de direitos humanos contra o servidor. Temos de trabalhar com problemas de
saúde e com uma carga horária excessiva e um estresse muito grande. Essa é uma
questão que deve ser abordada na corporação”, concluiu.
Fonte: Agência Brasil
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