Equidade de gênero no mercado de trabalho vai demorar 80
anos, indica estudo
Apesar do aumento de mulheres no mercado de trabalho nas
últimas décadas, a equidade com os homens pode levar até 80 anos, segundo o
Relatório Global de Equidade de Gênero, do Fórum Econômico Mundial. Para tentar
diminuir esse tempo, equivalente a uma geração, pesquisa feita com líderes de
400 empresas ao redor do mundo indicou que três medidas prioritárias podem ser
tomadas. Todas relacionadas ao engajamento da corporação na estratégia.
As medidas constam do estudo Women Fast Forward, feito pela
consultoria Ernst & Young (EY) e apresentado hoje (9) no Rio de Janeiro. O
trabalho indica como prioridade: “Iluminar o caminho para a liderança feminina,
acelerar a mudança na cultura empresarial com políticas corporativas
progressistas e construir um ambiente de apoio”, alicerçado no combate ao
preconceito “consciente e inconsciente”, para aumentar o ritmo das empresas
rumo à equidade.
De acordo com Tatiana da Ponte, sócia de Impostos da EY no
Brasil, uma das principais vantagens da paridade é o ganho financeiro. Entre as
empresas pesquisadas, 64% daquelas com melhores resultados econômicos encorajam
suas funcionárias. Isso se deve, segundo ela, ao aumento da participação na
tomada de decisões e favorece a visão global.
“Não é porque isso [a visão global] é mais da mulher ou do
homem. É porque o aumento da participação gera diversidade. São opiniões
diferentes subsidiando as decisões”, explicou.
Saiba Mais:
Para desenvolver as estratégias, Tatiana esclareceu que é
preciso definir oportunidades de progresso na carreira e dar exemplos. “Não
adianta defender a diversidade e não ter mulheres nos conselhos, na direção”,
disse. “As funcionárias precisam se ver nesses cargos para acreditar que dá para
chegar lá”, completou. Outra medida, segundo ela, é a flexibilidade na carga
horária, adotando prazos mais longos, por exemplo, para licença maternidade ou
paternidade.
“Estamos caminhando para um momento em que não só a mulher
tem que achar espaço no mercado de trabalho, o homem também tem que achar um
espaço na família. Quando a divisão de tarefas for mais igual para os dois
lados, todo mundo ganhará, principalmente, os filhos. A presença mais atuante
do pai na formação dos filhos nos dá crianças mais fortes”, afirmou.
Outra pesquisa sobre a participação de mulheres no mercado
de trabalho da EY apresentada hoje descobriu que a vivência no esporte pode
ajudar nos negócios. Com base em 400 entrevistas, a consultoria identificou
que, na hora de tomar decisões importantes, aquelas mulheres que foram atletas
são mais determinadas, guiadas por valores éticos e pelo espírito de equipe.
“O esporte ensina habilidades de liderança intangíveis que
não podem ser ensinados na escola”, disse Beth Brooke-Marciniak,
vice-presidente de Políticas Públicas da EY e ex-atleta de basquete.
No Brasil, a ex-nadadora Fabíola Molina, com três medalhas
olímpicas, que foi acompanhada por projeto de incentivo à presença de mulheres
atletas no mundo dos negócios, confirma a tese. Desde 2013 ela dirige a própria
empresa, de roupas de natação e moda praia, e afirma que o espírito de
superação e a imposição de objetivos é fundamental para bater metas.
“Aprendi com o esporte, por exemplo que eu aplico na
empresa, é a questão da perseverança, não desistir diante das dificuldades,
porque no mundo corporativo, assim como no esporte têm muita”, contou Fabíola.
“É preciso acredita no caminho e no seu potencial”, declarou.
Outras habilidades que são desenvolvidas pelo esporte são a
capacidade de visão de longo prazo e de montar e manter as equipes motivadas,
segundo as próprias entrevistadas.
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